segunda-feira, novembro 27

Crónica do Canadá. Refugiados portugueses em Toronto? Oh Senhor Eustáquio!

Fernanda Leitão, que apenas com palavras sabe fazer contas como poucos com números, diz e com razão: «Tudo somado, lideranças destas envergonham a comunidade portuguesa e afastam dela, cada vez mais, os jovens que já perceberam a importância do conhecimento e da cultura». Leiam do princípio ao fim porque «é de cabo de esquadra!»



A PAU COM A ESCRITA

Fernanda Leitão

Lê-se e não se acredita. O presidente da ACAPO (organismo que congrega clubes e associações portuguesas do Ontário), da maneira rude que se lhe conhece, manifestou por escrito a sua indignação pelo facto de a embaixada de Portugal em Otava não ter informado a associação a que preside da presença na capital federal, para conversações com o governo canadiano, de António Guterres antigo primeiro ministro de Portugal e actual Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados. E porque estava o homenzinho indignado? Porque, em seu douto entender, Guterres devia ter vindo a Toronto resolver o problema dos "refugiados portugueses". Esta é de cabo de esquadra!

Para o caso de o Sr. Eustáquio não saber, sempre adiantamos que refugiados, segundo a letra de lei da ONU, são aqueles que têm de fugir do seu país devido a guerras, genocídios, perseguições políticas com o objectivo concreto de eliminação física dos oponentes aos governos locais, fomes e situações de calamidade em geral. O Sr. António Guterres é o enviado da ONU para países tão aflitos como a Palestina, o Iraque, o Uganda, o Congo dito democrático, o Ruanda, a Somália, a Etiópia, para só citarmos estes. Aparece muitas vezes nas televisões e jornais acompanhando no terreno situações de tragédia, toda a gente vê. Ora, como todos sabemos, os ilegais portugueses que receberam ordem de deportação do Canadá vieram para este país sem outro objectivo que não fosse melhorar a sua situação económica. O seu estatuto de refugiado foi forjado, com a mira de ganhar uma pipa de massa sem fazer nenhum, por alguns advogados e alguns conselheiros de imigração que nada devem à honestidade e à competência.

Aproveitamos para explicar a este dirigente comunitário que ANALFABETISMO é a condição de não saber ler nem escrever, e que ILITERACIA é saber ler e escrever, mas não entender o que lê nem o que ouve. A ignorância rege estes dois estados e até se chama a estes últimos "analfabetos funcionais".

Dirá quem lê este comentário que, coitado do rapaz, não tem culpa, não nasceu ensinado. Eu esclareço que ninguém nasce ensinado e é por isso que existem escolas. E acrescento que o Canadá é bem generoso ao dar escola a todas as pessoas. Só não aprende quem não quer.

Tudo somado, lideranças destas envergonham a comunidade portuguesa e afastam dela, cada vez mais, os jovens que já perceberam a importância do conhecimento e da cultura.

Sem comentários: